segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Lançamento Atomic: Ádrian, de Emir Ribeiro

O sucesso comercial dos quadrinhos eróticos

Com o abrandamento do Regime Militar no final dos anos 70, as editoras começaram a investir nos quadrinhos eróticos. Primeiro a Grafipar, de Curitiba. Depois, a Press/Maciota e a Nova Sampa continuaram a surfar no pornô. Emir Ribeiro, criador da Velta, Michèlle a vampira, Nova, entre outros, também participou desta onda, trabalhando muito na criação de aventuras eróticas..

Emir, que já trabalhava com quadrinhos desde os anos 70, viu na abertura deste nicho a oportunidade de publicar seus trabalhos. E criou então para a Grafipar os personagens “Supermacho” (inicialmente chamado de “O Conquistador”) e “Fátima a Mutante”. O primeiro teve efetivamente publicada duas HQs, mesma sorte não tendo Fátima, pois a editora curitibana cerrou suas portas antes. 

O contato com a Press/Maciota surgiu através do editor Franco de Rosa, antigo fanzineiro e correspondente há muitos anos. Nesta época, Emir começou a produzir muita coisa. Afinado com o gênero “super herói”, o autor no início tenta colocar em suas histórias eróticas conceitos desta linha, caso da transmorfa “Fátima a Mutante”. Fátima tinha o viés fantástico e era mais afinada com o universo de Velta. Inclusive, na trama, Fátima é meia-irmã da Camaleoa, inimiga da loura-detetive. Ele fazia as histórias de forma a poder se retirar as páginas com cenas de sexo explícito, sem que o conteúdo central sofresse danos ou ficasse incompreensível. Justamente para reutilizar a série em futuras edições de Velta. Mas a editora preferia personagens bem comuns, sem fantasia super-heroística ou ficção cientifica, e por isso, pediu para retirar esses itens das HQs. 

A revista mais vendida da editora era “Close”, cujo protagonista era um travesti. Ele, então, resolveu se impor um desafio de criar uma personagem que superasse a Close nas vendas. No início, conjecturou utilizar personagens já criados anos antes, como Doroti e Fátima, mas no fim acabou criando uma personagem totalmente nova. Assim surgia “Adrian” pela Press. 

E deu certo. Ádrian caiu no agrado do público, e teve título próprio, só para ela. Foi uma fase bem rentável para os autores brasileiros de quadrinhos. E também para as editoras (logo a Press teria a companhia da Nova Sampa) que conseguiam bons números nas vendas de seus títulos eróticos e com isso financiavam temas diversos como FC, fantasia, western, terror, etc, apostas que infelizmente não prosseguiram, devido a desentendimentos entre a direção, que levaria ao fim da Press Editorial. 

Esta edição da Atomic reúne todas as aventuras produzidas da personagem. São treze HQs sendo a última (Fotos e Transas) inédita. Conheça o universo de Adrian, a bissexual. Seus dramas, relacionamentos, decepções... regado a muito sexo, claro. Emir Ribeiro é um cara fantástico, um autor criativo que teve de transitar por todos os gêneros, como a maioria dos autores brasileiros, agarrando com unhas e dentes as oportunidades que surgiam para fazer quadrinhos, sua paixão. Foi um momento ímpar na história da HQB e que deve ser lembrado. O legado da Press ainda é muito mal aproveitado e a importância desta editora ainda terá o seu devido reconhecimento em prol dos quadrinhos brasileiros

 
Ádrian a ninfeta bissexual
Emir Ribeiro

Edição Impressa:
218 páginas
14,8x21,0cm 
capa color brochura com orelha
lombada e miolo offset 90g pb
R$ 49,59 


Edição Virtual
218 páginas
EPUB
R$ 15,06

Pedidos: 
Clube de Autores
https://www.clubedeautores.com.br/book/248648--Adrian#.Wmaw_LynG1s


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